Ele já foi dito que era corajoso e idealista.
Apaixonado por música, também era
esportista, campeão nas modalidades de tênis
e voley com a equipe formada por ele e seus irmãos
Amador, Francisco, Afonso e Jacó, consagrada em
memoráveis partidas realizadas no Aero Clube.
Principal acionista do grupo que fundou a primeira
emissora de rádio no Rio Grande do Norte, Carlos
Lamas nasceu em Valparaíso, no Chile, em 1º de
setembro de 1905, mas veio morar com a família em
Natal em 1924.
Era filho do israelita Elias Lama, tendo também
outro irmão, Antônio, e quatro irmãs: Inês, Maria, Ana
e Emília. Em Natal, nasceu mais um casal, Eddie e
Éster. Seus pais estabeleceram-se na rua Dr. Barata, na
Ribeira, como comerciante e proprietário de um
armazém que vendia de quase tudo, antecipando-se ao
papel que hoje cumpre os supermercados.
Seu nome revelava o que ele era e gostava de ser.
Carlos, palavra de origem germânica, significa
"homem do povo". O que bem personaliza aquele que
abriria, em nosso Estado, campo ao meio de comunicação
tão popular como o rádio. O sobrenome Lamas
soa estranho na língua portuguesa, mas deve ter lá suas
razões na etimologia hispânica.
Protagonizou casos que revelam sua personalidade
forte e a índole de fidelidade aos princípios que
mantinha. Embora suas origens sejam de uma cidade
banhada pelo Oceano Pacífico, não era, absolutamente,
pacífico. Já adulto, tornou-se cônsul do Chile
em Natal e fez da casa do seu irmão Amador a sede
do consulado em 1935, fatídico ano da Intentona
Comunista. Ocorreu aqui um dos episódios mais
marcantes da biografia dos Lamas.
Na noite de 23 de novembro daquele ano, os guerdo
pioneiro do Rádio:
Carlos
Lamas
100 anos
rilheiros rebeldes se dirigiram ao Teatro Carlos Gomes
(hoje, Teatro Alberto Maranhão) para prenderem as
autoridades locais (governador Rafael Fernandes,
prefeito de Natal Gentil Ferreira de Souza e outros
nomes de destaque da administração pública) que ali
se encontravam, participando de uma solenidade de
colação de grau de alunos do Colégio Marista.
Não os encontraram mais ali. Sabendo que os mandatários
e seus principais assessores estavam no
Consulado chileno, os comunistas intimaram os Lamas a
entregarem os refugiados. Carlos foi enfático na sua
resposta: somente com a ordem do embaixador do seu
país poderia atendê-los. Fora disso, só se invadissem o
Consulado e retirassem à força aqueles a quem procuravam,
"pois só a estes reconhecia como autoridades
legítimas naquela conjuntura". O caso está descrito no
livro de João Medeiros Filho, "82 Horas de Subversão"
(1980)
FONTE - SUPLEMENTO NÓS DO RN, A REPÚBLICA, SETEMBRO DE 2005
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